Pesquisadores da Universidad Católica de Temuco discutem arte contemporânea a partir do eixo Sul em seminário internacional do MAV

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Texto: Gabriela Villen I Fotos: José Irani

A ideia de um eixo Sul-Sul estabelecido a partir da discussão sobre arte contemporânea esteve no cerne do Seminário Internacional promovido pelo Museu de Artes Visuais (MAV) da Unicamp, na última sexta-feira (24). O debate, que contou com a presença dos professores da Universidad Católica de Temuco, do Chile, Ignacio Javier Szmulewicz Ramírez e Carlos Alberto Rivera Quezada, trouxe diferentes perspectivas sobre a relação entre a arte e o espaço público. O evento aconteceu na Galeria de Arte do Instituto de Artes.

Para o pró-reitor de Extensão e Cultura da Unicamp, Fernando Coelho, que compôs a mesa de abertura do Seminário, o evento contribui para o adensamento da interação entre o MAV e a América Latina, e para a própria internacionalização da Universidade. “São atividades fundamentais, pois estabelecem muito bem as interações que o MAV tem na América Latina e ajudam a projetar o nosso Museu de Artes Visuais no eixo Sul”, afirmou. Coelho destacou ainda a relevância da integração entre universidades e museus da região. “São uma forma de reafirmar a cultura da América Latina e de fazer com que seus povos se aproximem”, apontou.

A diretora do MAV, Sylvia Furegatti, também fez questão de registar o interesse de sua gestão em proporcionar essa discussão e fortalecer a ideia de um eixo Sul-Sul a partir da arte. “Que possamos trabalhar epistemologias e ampliar nossas bibliografias. Que nós discutamos com a qualidade e profundidade necessárias o lugar da instituição universidade, da instituição museu, da instituição produção artística, a partir de um reconhecimento, que cada vez mais tem se demonstrado muito importante e frutífero, entre países da América Latina”, afirmou Furegatti.

Ignacio Szmulewicz, professor da Universidad Católica de Temuco e historiador da arte

O professor e historiador da arte, Ignacio Szmulewicz inicia com as seguintes perguntas: “A instituição Arte é uma fronteira? É uma caixa de ferramentas? Nos entrega ferramentas para construir um mundo novo?”. Por meio da análise de obras de artistas que desafiaram não apenas as fronteiras dos museus, espaços institucionais da arte, intervindo na cidade, mas também das próprias cidades e países, chegando aos limites marítimos e à Antártida. Para ele, a arte em espaço público não deve olhar apenas a cidade. “Tem que olhar a natureza em chave decolonial”, destacou.

Carlos Alberto Rivera Quezada, que é artista visual, além de chefe de Departamento de Artes Visuais, trouxe a origem da palavra “desastre” para falar da cidade. “A palavra ‘desastre’, em sua etimologia, significa sem estrelas. `Des´ significa `sem´, ‘astre’ astros, estrelas. Quando os navegantes não podiam observar as estrelas ocorria a tragédia. Para mim, que vivo em uma cidade ingovernável, gigante, me transformo em um navegante sem estrelas. E quero descobrir a cidade a partir dessa ausência de informação”, contou. Carlos apresentou imagens de alguns de seus trabalhos produzidos no auge da convulsão social ocorrida em Santiago em 2019. Os protestos deixaram mais de 30 mortos e impulsionaram a redação de uma nova Constituição. Entre os destroços da cidade, o artista buscava elementos para sua obra. “Me interessam as coisas rotas, a falta de luz, as ruínas. Nelas busco pistas para encontrar metáforas poéticas”, revelou.

Carlos Alberto Rivera Quezada, que é artista visual, além de chefe de Departamento de Artes Visuais

Segundo a diretora do MAV, além do seminário, a visita dos artistas engatilhou o processo de construção de um convênio entre a Unicamp e a Universidad Católica de Temuco. “Vamos trabalhar na institucionalização desse convênio, abrindo ainda mais o leque das internacionalizações da Unicamp”, afirmou Furegatti.

O Seminário é parte de uma série de eventos promovidos pelo MAV, com convidados de dentro e fora do Brasil, presenciais e virtuais. O MAV é órgão vinculado à Diretoria de Cultura (DCult) da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Unicamp.

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